A água de colônia é um grande marco na história da perfumaria e conserva mais de 310 anos de história. Ano passado, em 2019, tive a oportunidade de visitar a exposição La fabuleuse histoire de l’eau de Cologne, em Grasse (capital mundial da perfumaria) e me encantei com cada detalhe. A inspiração foi tanta que decidi criar o primeiro curso de Criação de Águas de Colônia do Brasil. Bem, mas hoje o que venho compartilhar é um pouco dessa rica história, que começa na Alemanha e Itália e continua no Brasil.
De onde vem a Água de colônia?
A água de colônia é a primeira fragrância dos perfumes modernos. Desde sua criação, em 1.709, a Eau de Cologne ganhou os corações e os narizes de pessoas de todo o mundo. Originalmente, esse perfume possuía entre 2 e 6% de concentração, o que ainda é mantido por alguns perfumistas clássicos. Trata-se de um perfume, em sua origem, repleto de notas leves e cítricas, exemplos: bergamota, néroli e limão. A Água de Colônia que chamamos de “original” foi criada por Jean-Marie Farina, mas o conhecimento foi transmitido por Jean-Paul Feminis que revelou o segredo da composição do que chamava de Eau Admirable. Farina foi um italiano que vivia na cidade de Colônia (Alemanha) e daí vem o nome desse clássico. Napoleão, figura histórica, é um dos grandes responsáveis pela expansão dessa fragrância – segundo o que nos contam os livros, ele utilizava pelo menos um frasco desse perfume por dia. No século XIX, a Eau de Cologne é um sucesso sem volta e atinge não apenas a burguesia, mas à toda a população.
Qual é o segredo desse ícone?
Mas afinal, por que tanto sucesso? Existem algumas razões e eu vou citar algumas delas aqui: a Água de colônia era um perfume democrático, ou seja, sem distinção de idade ou gênero, era um perfume utilizado por homens, mulheres, crianças, jovens e idosos. Podemos dizer que foi um dos primeiros perfumes sem gênero do mundo. Além disso, era um perfume utilizado para auxiliar nos hábitos de higiene e também era conhecido por seus efeitos terapêuticos e medicinais. E não para por aí. Até então, principalmente devido ao evento da peste negra, os perfumes costumavam ser intensos e pesados para mascarar os maus odores, já a água de colônia veio como uma proposta diferente, a de um perfume leve, suave e extremamente discreto, o que retomamos a partir da segunda década dos anos 2.000.
A atemporalidade
A Água de colônia é produzida até hoje por muitas casas de perfumaria. A concentração de 2 a 6% mencionada no começo desse texto já não é uma regra, necessariamente. No Brasil, segundo a exposição mencionada no primeiro parágrafo, a Água de Colônia ganha o nome de Acqua ou Acqua fresca (refrescante) e leva em sua composição muitos ingredientes aromáticos, a exemplo da lavanda e até mesmo de ingredientes tipicamente brasileiros, como a pitanga e o breu branco. O mais curioso dessa exposição, que conta a história desse perfume em ordem cronológica, é que ela é finalizada justamente com as Acquas e Deo Colônias do Brasil. Parece que somos o que há de mais atual quando o assunto são as Águas de Colônia. Interessante, não é mesmo?